terça-feira, 20 de abril de 2010

A dosagem da tolerância



Tempos atrás uma amiga me falou que eu sou ou fui, em certa situação, tolerante demais. No caso sobre ao qual falávamos, concordei, reconheci integralmente, sem nada a contestar.
O ato de ser tolerante é uma atitude que, acho, temos que ter sempre. Mas para tudo tem que ter sua dosagem. No caso em questão era tolerante demais.
Deixava de impor minha postura, ou não colocava os fatos com a devida verdade ou realidade que julgo necessárias, até quase a uma submissão. Por que nesse ponto a atitude era diferente?
É algo que me questiono volta e meia, pois perante esta postura, abro precedentes para que certas situações se tornem recorrentes.


Normalmente tenho por hábito falar, colocar minha posição de forma franca, clara, direta. Em certas situações já presenciei um certo desconforto pela parte ouvinte do meu entendimento. A minha verdade, a minha idéia, a minha postura nem sempre é a mesma do outro e esse nem sempre está a fim ou quer ouvi-la. Direito que lhe cabe.
Mas direito que me cabe é impor meu ponto de vista quando algo não está a meu contento. E nessa situação a qual me foi dito, que sou tolerante demais, fiquei a pensar e pesar as situações as quais se encaixam perfeitamente.
Diante desta tolerância exagerada, tenho que reviver situações que me desagradaram, momentos que não quero que retornem.
Por causa dessa tolerância em excesso, abro portas para que pessoas tomem a liberdade para retornar e acreditar que tem acesso livre ou fácil como em outros momentos.
Não vetei o acesso, visto isso, a liberdade dessas em acreditar que possam romper o limite está aberto, disponível. O limite se impõe para que saibam até onde podem ou merecem ir.


Há pessoas para o qual esse limite tem que existir para que saibam que não tem mais espaço para conviver.
Isso, em virtude daquela tolerância, não foi devidamente colocada nos seus devidos lugares, nos seus devidos patamares.
A verdade, a sinceridade, a clareza, que sempre me é peculiar, em certos momentos e vivências deixaram de existir, se anularam.


Vislumbrei isso e acho que poderei vislumbrar outras mais, visto resquícios que ainda perduram, mas com certeza situações já estão sendo revistas.
A tolerância em demasia será dosada.


Acredito que nem boa donzela nem bruxa má. Resta ainda saber a dosagem certa.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Achocolatando minha criança



A Páscoa passou. Tenho uma certa simpatia por esta data. Digamos que é engraçadinha. Faz lembrar-me da infância, as brincadeiras em torno de encontrar esconderijos de cestinhas, fazer doces e ovinhos e tudo que envolvia.
Mesmo que seja uma data comercial como qualquer outra, há uma certa nostalgia que gosto.



Este ano não foi diferente. Junto com minha mãe em volta de fazer chocolatinhos e doces, conversávamos sobre isso. É reconfortante.
E como eu tenho certa simpatia pelas panelas, às vezes gosto de me aventurar nos doces. Coisa muito simplória, para presentear meia dúzia de pessoas extremamente relevantes e só. Não dá para prolongar a lista de presenteados.


Faço uns simples doces. É mais um ato singelo do que propriamente aquela coisa exacerbadamente comercial de compras exageradas. Um ato carinhoso. Acho que é isso que é o mais relevante.




Nesse sentido sempre cito um tio, meu padrinho, que apesar de sua origem humilde, sempre tem um gesto de carinho e lembrança com presentinhos simples mas simpáticos. Um ato de generosidade.
Acho que terei 50 anos e ele, se vivo for, ainda continuará me presenteando.
Lembro que na minha infância ele, como habitual, jamais esquecera de datas comemorativas e sempre com o presente destinado a data específica.
Na Páscoa, recordo que por muitos anos, ele me presenteava com uns ovos lindos, grandes, coloridos, mas totalmente feitos de açúcar. Nem sei se ainda existem (sou velha !!) e recordo que alegrava muito mais pelo visual do que pelo paladar. Recordo que quando chegava a época tinha ciência de que lá viria mais um daqueles, que eu não gostava nem um pouco, mas aceitava e agradecia, pelo gesto do presente.
Hoje já não os ganho mais (ainda bem!) mas a data não o deixa esquecer do presente.



Eu não costumo presentear a muitos , como já falei, apenas alguns que de uma forma ou outra são importantes. E claro, que não será um pequeno chocolatinho que ressaltará o quão são importantes, mas é um gesto de carinho que tanto pode ser com um abraço, um beijo, um obrigado, ou nesta data, um embrulho de chocolate.
Afinal, ninguém é de ferro, e acredito que muito poucos não gostam desta delícia – acho que não conheço nenhum.



Eu particularmente, reclamo de não estar magérrima, sarada e sim um pouco acima do peso, mas por culpa própria, pois adoro certas orgias gastronômicas. E pelo prazer de presentear outros, também tenho prazer em preparar certos chocolates na Páscoa para meu bel-prazer. E nesse ponto, antes de agradar, acariciar outros, tenho que fazer isso a mim mesmo. Cometi o pecado da gula (bem de leve!) e me dei ao deleite de presentear-me com um chocolate gostoso.




Fez reacender, reavivar a criança, que às vezes esquecemos ou que a mantemos adormecida, a brincar com cestinhas e chocolates.