Tenho na essência de ser toda correta, certinha. Aprendi desde pequena, o certo, a verdade, o correto, não sair da linha, do
tipo que ter uma dívida no botequim já é
motivo pra perder o sono.
Tudo sempre é milimetricamente, demasiadamente
pensado. Quase uma caretice.
E ela ainda não se desvinculou por completo desse corpo.
E carrego a essência até hoje... ser correta, certinha,
na linha, tudo nos mínimos detalhes. Dar um passo além, volta e meia, é quase
impensável, eu disse, quase.
Quando fui viajar para Arraial D’Ajuda e Trancoso com
minha amiga Caroline, graças, exclusivamente, a ela, tudo foi resolvido sem
muitos rodeios.
Pois às vezes é necessário. Necessário dar um salto, um
pulo largo, um vôo, um suspiro mais caliente, uma gargalhada escrachada, um
afago, um carinho mais direto.
Como tudo tem sua hora, as coisas andam, o pensamento
muda, a vida gira. As coisas tem que acontecer, o trabalho tem que ocorrer, o
dinheiro tem que entrar, o coração tem que se abrir, os olhos tem que piscar,
mais !!
Ando saindo um pouco da caretice, até porque a vida ta aí,
a gente tem que dar a cara, nem que seja para o tapa ou para o carinho. Não adianta
ser tão corretinha e certinha e deixar a brisa passar e nem sentir os cabelos
sacudirem. To abraçando o vento, caminhando em zigue zague, sorrindo, chorando,
sofrendo e, vivendo.
De nada adianta passar a vida, corretinha e certinha e
sem rabiscos, arranjos ou registros dos altos e baixos. Se der os braços e não for
abraçada, tudo bem. Não adiantará fechar os braços e achar que um abraço não
virá logo adiante.
O negócio é sair do milimetricamente pensado. È continuar
de braços abertos. Para receber os abraços, seja de quem for, de onde for, da
vida!
Comecei a praticar, com sucesso. Como num piscar de
olhos, ontem poderia estar chorando e de braços fechados, hoje não mais !
Como num piscar de olhos, a vida ta aí, por aí, hoje, te
mostrando uma cor. E amanhã poderá será outra !