terça-feira, 23 de março de 2010

A arte imitando a vida

Final de semana vi o filme “Amor sem escalas”. Até acho que já to sendo repetitiva, ou então sem imaginação por estar postando por aqui sobre filmes nos últimos dias.
Às vezes acho chato mesmo, mas este veio a calhar alguns comentários.
Quem não viu, não sei se recomendo, quem viu poderá pensar se teve mesmo conceito que eu.
Não achei nada de mais. Aliás, o melhor acho que foi a menina que faz a colega de trabalho do George Clooney, que depois da participação insonsa no Crepúsculo, aqui ela se mostra um pouco mais ágil, digamos.
Quanto ao Sr. George Clooney (Ryan) apesar de achá-lo meio canastrão, por alguns momentos nesse filme penso que ele deveria ter ganho o oscar ao qual foi indicado.

Não sei se é de rir – pelo fato da coisa se reverter no comportamento entre ele e seu relacionamento amoroso no filme – ou de chorar em compartilhar com ele tristes momentos onde somos tratados de “parênteses”. Quem viu o filme sabe o que relato quanto a namorada dele apenas te-lo usado como uma fuga, um parênteses do casamento rotineiro em que vive.
E a cena onde ele vai afoito e serelepe a porta da casa dela para demonstrar toda sua paixão e empolgação é hilária quando ele realmente vê a verdade nua e crua.
Esse único momento lhe valia o oscar pela cara de total espanto e decepção. Ou ele se mostrou por instantes um ótimo ator ou se deparou com memórias, quem sabe, de um momento de sua vida realmente.

Maldades à parte, o filme num contexto geral mostra um homem que acha que a vida sozinho é o mais magnífico de tudo. Sem ninguém, nunca. Aliás, ele se julga um sortudo por ter todos a todo momento. No corre-corre do dia a dia, no trabalho, no hotel, no corredor dos inúmeros aeroportos, restaurantes, bares, hotéis em que vive praticamente todo o ano.
Claro, que não para muitos minutos para pensar onde está a frieza disso tudo. Se parar, poderá se dar conta.
Se deu conta, mas aí não era o momento e nem a situação certa (onde eu ri da desgraça alheia). Afinal parei para pensar que já fui “parênteses” de alguém.
E quão duro isso é.

E a minha ótica nesse ponto foi de que pessoas como Sr. Ryan (George) fogem todo o tempo. Correm léguas de um relacionamento, qualquer envolvimento onde poderão ficar mais íntimos, mais livres, mais “indefesos”, mais libertos, mais “desprotegidos”.
E a situação ali é tão, tão comum, tão recorrente que seria maçante relatar que o que esse senhor faz é o mais real e cotidiano e não é somente parte de nenhum filme.
Encarar certas coisas na vida, abrir-se, emocionar-se, amar, ser amado, está sendo considerado para uma grande maioria, comportamento extremamente incomum.
O que poderia ser considerado um ato mais leve, uma troca de emoções, sentimentos, está praticamente sendo guardado num baú para que futuras gerações talvez o desengavetem.
O que a assistente dele relata a todo momento seria interessante transmitir a muitas pessoas que acreditam que é mais seguro viver dentro do seu mundinho, sua mala e suas inúmeras horas de vôo solo. Um babaca, um babaca infantil.
O dia que se der conta, poderá ver o quão fácil é deixar de ser apenas um parêntese.
Se é que vai ser fácil esquecer do que foi tratado.

Infelizmente não é só apenas uma cena de um filme, vejo estas cenas comumente na vida real.
Se não se comportassem como únicos, talvez pudessem ser tratados como alguém além de uma estratégia de fuga. Triste situação para o vivente, mais desgraçada ainda para quem tem que usar desta válvula de escape.

Tirar a armadura e mostrar que são apenas pobres mortais, sofredores ou não, já seria um bom começo.
Melhor do que pensar que na janela ao lado, tem um casal que se ama, ou está rindo junto, ou jantando juntos, ou dormindo juntos e continuar apenas sobrevoando a vida.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Eu e minhas panelas



Este final de semana eu vi o filme “Julie & Julia”. Há tempos atrás tinha lido sobre o mesmo e tinha adorado a sinopse de cara.
É uma fofura. E para quem gosta de culinária é um atrativo a mais. Meryl Streep como Julia Child está espetacular, a meu ver, como sempre.
O filme é leve, engraçado, mimoso.
Por vários momentos dá vontade de dar uma pausa e ir buscar um taça de vinho. A parte que compete a relatar a trajetória de Julia (Meryl) se passa basicamente na França.
A todo o momento ela e seu marido ou estão as voltas na sua cozinha e suas panelas (e uma taça de vinho) ou em vários cafés e restaurantes pela cidade (e mais taças de vinho).
Em outros momentos dá vontade de dar uma pausa e ir para a cozinha inventar algo.
Eu gosto de me aventurar nas panelas.
Gosto de todo o envolvimento de ir para a cozinha, buscar pratos diferentes, temperos, cheiros. Gosto de fazer tudo com muita tranqüilidade, buscando os ingredientes para tentar fazer algo parecido com que a receita ensina e gosto de ficar saboreando um vinho nesse ínterim.
Não sou expert, bem ao contrário. Sou mais metida mesmo.
Como falei, gosto de todo o enredo de fazer algo gostoso na cozinha.
Cozinhar é algo que deve ser feito com prazer, com gosto, com calma, apreciando cada momento.

No filme, Julie Powel é uma jovem que está meio sem rumo, descontente com seu trabalho e amante da culinária. Encontra o livro de Julia e resolve fazer todas as receitas registradas nele.
Confesso que muitas delas deixaria para trás. Como disse, sou mais uma curiosa do que uma expert. Não tenho tanto jeito não.
Quando uma receita me agrada, vou com afinco buscar os ingredientes e tentar fazer, buscando o resultado melhor possível.
Adoro convidar meus amigos para saborearem meus “experimentos”. Já deixei alguns “enamorados” rechonchudos por fazer jantarezinhos regados a vinho.
E para quem faz um prato com afinco, o primor é ver seus convidados degustarem a demasia. É como se uma prova pequena fosse sinal de que não está a contento.
É uma coisa meio italiana, prato cheio para saborear muito.
Para quem não se interessa muito por culinária acredito que não se interessará muito pelo filme não.
Mas eu fiquei no mesmo instante ao final do filme, instigada a pegar minhas panelas, uma taça de vinho e viajar em mais um “experimento” saboroso.
E claro, chamar para degustarem.
Já fiquei com vontade ....

sexta-feira, 12 de março de 2010

Amigos III

Eu não me canso de falar deles.
E já falei algumas vezes, como aqui, Amigos e aqui Amigos II e talvez em outros tantos post’s.

Pois hoje vendo um enunciado de um amigo no seu msn para observar a coluna do colunista Paulo Sant’Ana no jornal Zero Hora de ontem, 11 de março, Ombro amigo, que de forma magistral discorreu sobre o assunto, lembrei-me dos meus textos já ressaltados.

Obviamente que não chego nem aos pés do senhor Paulo quanto ao uso das palavras para explanar sobre o assunto, mas o objetivo-fim nos deixa em concordância de pensamentos e sensações.
E assim como ele, também já falei, falo e sempre falarei que quem tem amigos ou um amigo, tem um bem mais precioso que um diamante de muitos quilates e valor incalculável.

Ter um amigo é ser considerado um ser de grande sorte.
Como vemos por aí, na mídia, pessoas dotadas de grandes fortunas, fama e igualmente de tamanha solidão.
Não tenho fortuna, nem fama, mas tenho amigos.

E sei que eles estão comigo, porque também me consideram como tal.
Tenho defeitos, muitos.
Sou impaciente, “estouradinha”, muito direta e verdadeira (seria um defeito ??), não tenho facilidades para emitir um elogio ou um afago.
Mas eles continuam ao meu lado e me respeitam. Valorizam por trás de vários defeitos, o que há de bom e qualitativo.
Compreendem que nenhum ser humano é perfeito, que nem sempre estamos com sorriso de capa de revista. Mesmo que saiba que preciso sempre melhorar certas atitudes.
Compreendem que tenho dias difíceis, dias tristes.

O amigo respeita, compreende.
Pode reclamar, mas está ali. Eu também reclamo.
E nessa conjunção de sentimentos está a relação de amigo.
Não cobro nada e não sou cobrada. Ou melhor, cobro sim, ausência temporal.
Tudo desfeito no próximo encontro, como se tivéssemos nos visto há poucas horas atrás.
Amigo não busca propósitos de interesses lucrativos ou evolutivos.
Amigo está ali porque ele se integra a sua convivência.
Amigo está ali porque o teu convívio lhe basta.

E eu tenho amigos.
E como já falei, reitero, eles são a minha dádiva.

E espero sempre melhorar, para poder valorizá-los cada vez mais.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Cadê o lixo ??


Demorei para retornar. Na verdade demorei para retornar para cá.
Não por falta de vontade, conflito na mente.
Sacudidos os confetes e serpentinas carnavalescas, a vida volta ao normal.
Eu não comentei nada sobre o carnaval não é mesmo ?
Pois eu sou uma grande fã de carnaval. Adoro. Já fui uma foliã e tanto, hoje em dia as fantasias, em todos os sentidos, já não são tão atrativas. A não ser, claro, se for desfilar no Sambódromo. Desejo ainda não realizado. Ainda tem tempo. E só até lá. Meu apreço por carnaval não se estende a certas muvucas generalizadas, que não gosto nem um pouco. Aquele verso “atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu” não me pega. Nesse caso sou zumbi.
Este ano fui para o interior e por incrível que pareça revivi um pouco do que antigamente eu curtia a demasia.
Tem coisas que a gente tem que deixar na lembrança e não retomar. Esta experiência é uma delas.
Antigamente eu curtia todas as noites carnavalescas, até onde agüentava. Era um tempo em que o carnaval lá no interior era famoso no Estado. Hoje está ficando famoso pela decadência.
Fiquei saudosa dos tempos áureos vendo no que resultou.
Mas confesso que tenho sentimentos contraditórios desta época. Ao mesmo tempo que adoro a festa, tenho uma ânsia que acabe para que as coisas realmente comecem. Infelizmente ninguém se mexe nos períodos que antecedem o carnaval e fico a mercê de que finde para que o barco comece a andar e rápido. Vício, acho, imutável.
Eu já estava com uma ansiedade para que ele findasse.
E aí findado, é a loucura que se inicia.
Eu agradeço e retomo as atividades ansiosamente.
Afinal de contas, as contas estão aí batendo na minha porta. E aí corre para trabalho, dinheiro, trabalho, cliente.
E nessas todas, meu instrumento de trabalho resolve pifar. Aliás, meu computador já estava “moribundo” há um tempo, ficava eu postergando o que chegaria. Tive que correr atrás para arrumar tudo, maquina nova, mais gasto de dinheiro para nova máquina.
Mal comecei e já tava com a cabeça a mil, preocupada.
Meu defeito é que não sou tão desencanada ou um pouco despreocupada como gostaria. Já fico preocupada, ansiosa e impaciente.
Máquina nova, vem outra questão, que causou-me um questionamento.
Troquei todas as peças do meu computador, nisso o técnico me aconselha a não colocar toda aquela porcaria velha no lixo comum.
Mas o que eu faço ? Aconselhou-me a levar em uma loja de material de informática, claro.
Eis que saio para o shopping onde concentra mais de uma loja com uma pasta cheia de lixo eletrônico, faceira que de lá saía sem tudo aquilo.
Adoro quando dou uma de esperta numa situação prática. Detesto quando não dá certo minha esperteza.
Pois fui em três lojas de informática com a mesma perguntinha: “olá, vocês recolhem lixo eletrônico”? Na terceira negativa, tive a sensação de que minha pergunta a atendente tinha sido “olá tudo bem, sabes onde encontro uma loja de animais domésticos, gostaria de comprar um tiranossauro rex bebê para mim”?, visto a cara de estranheza que a mesma me fez.
Mas então, o que eu faço com isso moça ? só me olhavam com cara de piedade sem saber o que dizer.
Ora, veja, num momento em que devemos pensar em cuidar mais do meio ambiente, encontrar alternativas para que produtos tóxicos não interfiram mais com tanta agressividade, o mínimo que deveria ter era um jeito de que esses prestadores de serviços ajudassem na área que estão atuando.
Em tempos modernos, onde todos os dias as coisas ficam mais modernas numa velocidade voraz, é um retrocesso não ter como tomar providencias num âmbito, digo até, simples.
Pois acabei voltando pra casa com toda aquela porcaria velha sem ter onde colocar. Tive a sorte de encontrar um amigo – um anjo – que fez a bondade de dar um fim na quinquilharia.